quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Por que temos vontade de urinar ao ver água corrente?

É só ver um filete de água escorrendo pela torneira do banheiro que a vontade aperta e fica quase insuportável prender o xixi. Às vezes, basta escutar o barulho da água: não importa se é um singelo gotejar ou uma estrondosa cachoeira, a vontade vem junto com o som. Entrar na água (no mar, na piscina, na banheira) também desencadeia o desejo de urinar.
E às vezes a vontade não precisa estar relacionada com água: perceber que você está chegando em casa, ver um vaso sanitário na sua frente e até mesmo escrever sobre xixi (ui!) também pode gerar uma gana incontrolável de eliminar toda a urina inconveniente.
Isso acontece porque nossa sociedade nos ensina, ainda crianças, a controlar a saída do xixi. Aprendemos a prender o esfíncter que impede e saída da urina, e nos condicionamos a usar o banheiro para aliviar a bexiga.
O nosso sistema urinário é comandado parcialmente pelo sistema nervoso autônomo - também responsável pelos batimentos do coração e os movimentos dos intestinos, por exemplo, aqueles que você nem percebe. Só que a gente também consegue, voluntariamente, controlar a bexiga. Ela é o único órgão controlado pelo sistema nervoso autônomo que também conseguimos controlar "com a força do pensamento".
Além disso, a bexiga e a uretra estão conectadas ao sistema límbico - o centro das emoções do organismo humano. Os desencadeadores da vontade de fazer xixi são nada menos do que objetos e ações do dia a dia que provocam a ativação desse centro das emoções no nosso subconsciente, lembrando que estamos com a bexiga cheia e é preciso esvaziá-la. Se tivéssemos condicionado nosso cérebro a ter vontade de fazer xixi a cada vez em que vemos a cor verde, por exemplo, teríamos as mesmas vontades incontroláveis ao observarmos uma árvore ou um gramado. :)

Quando urinar é incontrolável

Ao nascermos, nosso sistema nervoso ainda não está completamente formado, e o organismo praticamente responde com reflexos. Crianças de até 2 anos "funcionam no automático": se a bexiga está cheia, ela vai urinar sem pensar em contrair o esfíncter e procurar o penico mais próximo simplesmente porque esse tipo de pensamento ainda não pode ser desenvolvido.
Depois de cerca de dois anos, a sociedade (principalmente a mãe e o pai) passam a treinar a criança para ela começar a desenvolver a capacidade de segurar o esfíncter e não fazer xixi na calça. É possível que, se os seres humanos nunca fossem treinados para fazer xixi apenas em ocasiões consideradas corretas pela sociedade, faríamos em qualquer lugar - como os outros animais.
Um indício dessa possibilidade está nos países nórdicos. Enquanto no Brasil as crianças deixam a fralda por volta dos dois anos, no norte da Europa os pais só treinam seus filhos a segurar o xixi quando eles já estão com 4 anos de idade, em média.
Quem tem bexiga hiperativa - uma doença que faz o sistema nervoso perder o controle sobre a bexiga - também não consegue segurar o xixi. E a vontade incontrolável (e muito desagradável) de fazer xixi pode surgir de 6 a 8 vezes por dia. Nestes casos, é preciso procurar um médico urologista.

Falha na Matrix? Por que temos déjà vu?



Déjà-vu é uma expressão francesa, que significa "já visto", usada para descrever aquela sensação que temos de reviver uma determinada situação mesmo sabendo que nunca a presenciamos antes. O termo foi criado no século 18 por um parapsicólogo que acreditava que o déjà-vu era um flash back de encarnações passadas.
Embora o fenômeno desperte a curiosidade de muitos cientistas, a verdade é que até agora ninguém conseguiu entender realmente como essa sensação é criada pelo nosso cérebro. O mistério é difícil de ser solucionado porque o déjà-vu é algo tão espontâneo que fica muito difícil reproduzi-lo e estudá-lo em laboratório.
De acordo André Souza, professor-assistente do departamento de psicologia da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, atualmente, existem duas possíveis explicações para o fenômeno. A primeira delas está relacionada a sensação de familiaridade provocada pela maneira como nossas memórias são criadas.
"Nossa memória para objetos é muito boa, mas não temos a mesma destreza para lembrar de como esses objetos estavam organizados espacialmente. Assim, quando estamos em um lugar onde há objetos diferentes dispostos de maneira semelhante a configurações que já vimos, temos a sensação de familiaridade que chamamos de déjà vu", diz Souza.
Outra teoria acredita que a sensação está ligada a uma "falha" momentânea de comunicação entre nosso sistema consciente e inconsciente. Quando ocorre esse "tilt", a informação que passa do sistema consciente para inconsciente chega com um pouco de atraso, causando essa sensação de informação já conhecida.

Frequência

O número não é preciso, mas pesquisas apontam que a sensação de "já ter visto" determinada cena acontece com 30% das pessoas, é mais constante em indivíduos de 15 a 25 anos e tende a diminuir com a velhice. A primeira experiência, na maioria das vezes, ocorre na infância, antes dos 10 anos.
"Não há informações conclusivas sobre o assunto, mas uma vez que o fenômeno parece estar ligado à formação das nossas memórias, é possível que essa maior incidência esteja relacionada ao fato que é durante a juventude que formamos as mais vívidas lembranças que temos das nossas experiências", diz Souza.

Déjà vu crônico

Nos últimos anos, os pesquisadores têm se debruçado sobre relatos de pessoas que dizem ter déjà vu constantemente. É o caso de um britânico de 23 anos que há oito anos experimenta tais episódios frequentemente. De acordo com um artigo publicado pela BBC, o jovem chegou a evitar assistir televisão, ouvir rádio ou ler jornais por sempre ter a sensação de já ter visto aquelas histórias antes.
"Certa vez, ele foi cortar o cabelo e quando entrou na barbearia, teve um déjà vu. Em seguida, teve um déjà vu do déjà vu. E já não conseguia mais pensar em outra coisa", disse Chris Moulin, neuropsicólogo envolvido no estudo do caso.
Segundo os pesquisadores, os exames cerebrais sempre apontam normalidade, indicando que a causa pode ser muito mais psicológica que neurológica. No entanto, o estudo ainda não é conclusivo e outros casos estão sendo analisados.

Especulações fora da ciência

Longe do campo da ciência, acredita-se que o déjà vu possa estar relacionado a encarnações passadas ou experiências extracorporais.
A clássica resposta conhecida por muitos sobre o que realmente causa o déjà vu vem da famosa trilogia Matrix — que conta a história de um mundo dominado por máquinas que mantém os humanos presos em uma realidade virtual.
Quando o herói Neo vê um gato preto diz ter tido um déjà vu. É aí que Trinity explica: "O déjà vu é uma falha na Matrix. Acontece quando eles estão mudando alguma coisa". É claro que a explicação não passa de ficção, mas pelo visto, segue sendo a mais interessante, não?

comida que cai no chão pode ser salva em cinco segundos?

Atenção! O tipo de superfície influencia na contaminação

  • Atenção! O tipo de superfície influencia na contaminação
Para muitas pessoas, a regra é clara: se um alimento que caiu no chão for resgatado em menos de cinco segundos (ou três, ou seis), ele pode ser consumido normalmente porque não fará mal à saúde. Resumindo, seria o famoso dito popular "o que não mata, engorda". Mas essa regra é válida?
Ao longo dos anos, muitas pesquisas tentaram comprovar a teoria, e o que a maioria delas concluiu é que a quantidade de bactérias transferidas para o alimento que entrou em contato com qualquer superfície não depende apenas do tempo em que aquele alimento foi exposto, mas principalmente do montante de micro-organismos que estão nessa superfície.
Por exemplo, um pão que ficou por cinco segundo no chão da sua cozinha tem bem menos chance (esperamos!) de ser contaminado do que se ele cair em uma calçada de uma rua movimentada da cidade.
Além disso, o tipo de superfície também pode influenciar na contaminação.
Segundo os resultados de um estudo publicado pela Universidade de Aston, na Inglaterra, a chance de contaminação em alimentos que caíram em locais com carpetes, por exemplo, é bem menor do que se caíssem em piso laminado ou em azulejos. A pesquisa também mostrou que alimentos mais úmidos, como presunto ou manteiga, têm mais chances de serem contaminados na queda do que alimentos secos, como bolachas e salgadinhos.
Para chegar a esta conclusão, a equipe da pesquisa acompanhou a transferência de bactérias comuns, como a E.coli e a Staphylococcus aureus, em uma variedade de alimentos, como torradas, macarrão, biscoito e doces, que foram derrubados em vários pisos e lá ficaram entre 3 a 30 segundos.
Uma outra pesquisa semelhante feita em 2007 pela Universidade de Clemson, na Carolina do Sul (EUA), já apontava que o tipo de superfície é um dos fatores determinantes para a contaminação ou não. Segundo o estudo, menos de 1% das bactérias que estavam no carpete foram transferidas para o alimento. Mas quando a comida teve contato com um piso laminado ou em uma madeira, foram transferidas entre 48% e 70% das bactérias.

Então significa que podemos comer, certo?

A resposta é não. Embora as pesquisas nos deem uma certa vantagem se levarmos em conta tempo, tipo de superfície e alimento, do ponto de vista de segurança alimentar, os médicos não recomendam a ingestão desses alimentos.
"Quanto menos tempo no chão, menos chance a comida tem de ser contaminada. Mas não podemos garantir que a pessoa não terá uma infecção intestinal, por exemplo", diz o médico infectologista César Barros, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo.
O risco da infecção depende também do tipo de bactérias que está presente no chão no momento da queda. Para Barros, os vírus mais comuns responsáveis por infecções alimentares são o rotavírus e o norovírus. Entre as bactérias, estão a Salmonella, Shigella, Campylobacter.
Para Tatiana Tribess, coordenadora do curso de técnico de alimentos do Senai-Barra Funda, ingerir os alimentos não traz um risco iminente. "O risco está na possibilidade de eles se multiplicarem e se desenvolveram.Vale lembrar que colocar a mão no chão e depois na boca pode ter tantos microorganismos quanto um alimento que caiu no chão".

E de onde surgiu a regra?

Não existe um consenso sobre a origem da história dos cinco segundos. Um dos primeiros estudos sobre o tema, publicado em 2003 por um estudante do ensino médio que fez os experimentos na Faculdade de Illinois (EUA), diz que a regra remonta da época de Genghis Khan.
A única diferença é que para o imperador mongol a comida poderia ficar no chão por até 12 horas.

Quais bichos se alimentam de sangue (inclusive humano)?

Quando se pensa em animais hematófagos, ou seja, que vivem de sangue, a primeira imagem que vem à cabeça de muita gente é a de um morcego. Esse mamífero levou toda a fama, provavelmente por ter inspirado um dos personagens mais famosos das histórias de terror, o Conde Drácula.
"A verdade é que apenas três entre as mais de 1.100 espécies conhecidas de morcegos são hematófagos", afirma o virologista Paulo Eduardo Brandão, professor da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo (USP). São elas a Desmodus rotundus, a Dhiphylla ecaudata e a Diaemus youngii, existentes somente na América Latina. Todas as espécies restantes se alimentam de frutos ou insetos.
Por estudar um vírus bastante perigoso transmitido por esses animais - o da raiva -, Brandão conhece bastante sobre a biologia dessas criaturas de hábitos noturnos. Eles até podem atacar humanos, mas suas presas favoritas são aves, suínos, bovinos ou animais domésticos. E qualquer mamífero pode se infectar com a raiva ao ser mordido por um morcego-vampiro.
O professor da USP conta que, ao criar o famoso Drácula, o escritor irlandês Bram Stoker se inspirou em histórias europeias e também latino-americanas, que provavelmente envolviam ataques de morcegos.
Mas, ao contrário do vampiro humano da ficção, esses animais não mordem com os caninos, nem chupam o sangue das vítimas. Eles usam os incisivos (dentes "da frente") e lambem o sangue que sai da ferida.
Os morcegos-vampiros, assim como outras espécies, são importantes para o ecossistema, mas sempre que sua presença é identificada numa cidade é preciso entrar em contato com o Centro de Controle de Zoonoses. "É essencial evitar contato com qualquer morcego, pois mesmo sem morder, eles podem transmitir raiva", avisa Paulo Eduardo Brandão. Se você tocar sem querer o animal, procure o posto de saúde imediatamente.
Conseguir sangue não é uma tarefa fácil para os vampiros humanos, como os filmes e séries sempre deixam claro. Também não deve ser simples para animais como o morcego, mas eles têm uma vantagem: o alimento vem prontinho; só precisa ser absorvido pelo estômago para que seu corpo se encha de nutrientes. Veja, a seguir, características de alguns animais que se alimentam de sangue.
Morcego (Desmodus rotundus), um dos que realmente suga o sangue de animais

Morcegos

Apenas três entre as mais de 1.100 espécies conhecidas de morcegos são hematófagos: a Desmodus rotundus, a Dhiphylla ecaudata e a Diaemus youngii, existentes somente na América Latina. Todas as espécies restantes se alimentam de frutos ou insetos. O maior risco desses animais é a transmissão do vírus da raiva, por isso deve-se evitar o contato com eles, e não apenas a mordida.
Mosquito Aedes Aegypti, transmissor de doenças como a dengue e a febre chikungunya

Mosquitos

Há vários outros exemplos de hematófagos na natureza, todos eles tão ou mais horripilantes como os vampiros. A maioria deles é artrópode, o que inclui insetos como os odiados pernilongos, que não deixam muita gente dormir no calor.
Mas, pior que causar coceira e zumbido é provocar doenças - algo que os mosquitos que se alimentam de sangue sabem fazer muito bem. Eles, aliás, são os animais que mais matam gente no mundo, por transmitir males como dengue, malária, febre do Nilo Ocidental e tantas outras.
Piolhos e chatos: cerca de 5.000 espécies infestam o planeta

Piolhos

Piolhos e chatos também são insetos temidos, mas estes, felizmente, não possuem asas. O grupo conhecido como Phthiraptera engloba cerca de 5.000 espécies, entre os quais estão os famosos Pediculus humanus, que gosta de ficar na cabeça, e oPhtirus pubis, que prefere o púbis. Além de sangue, eles apreciam bons restos de pelos, cabelos e pele.
Percevejo (Cimex lectularius): fã dos colchões, ele só ataca à noite

Percevejos

Outro inseto sem asas bastante desagradável por sua mania de beber sangue é o percevejo, sendo o percevejo-de-cama o mais conhecido entre seres humanos (e viajantes). O Cimex lectularius gosta de atacar as pessoas enquanto dormem, por isso são comuns em camas, colchões e estofados, como sugere o nome popular. Após a proibição do inseticida DDT, esse bicho voltou a ser uma praga comum em muitos países.
O percevejo não transmite doenças, mas sua picada, ou melhor, a perfuração da pele para sugar sangue, costuma provocar reações alérgicas na pele, que podem ser aliviadas com anti-inflamatórios ou anti-histamínicos.
Carrapato: mais de 840 espécies de artrópodes

Carrapatos

Também artrópodes, os carrapatos são um tipo de hematófago que transmite doenças, algumas bem graves. Segundo o Centro de Informação em Saúde para Viajantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), eles podem permanecer fixos na pele dos hospedeiros durante semanas, secretando substâncias que impedem a coagulação sanguínea e diminuem a resposta do organismo no local da invasão.
Existem mais de 840 espécies diferentes em todo o mundo e as doenças transmitidas por eles afetam seres humanos apenas eventualmente. Nesse caso, podem provocar apenas reações alérgicas e inflamação até serem eliminados. Mas em outros, podem provocar até paralisia.
Os carrapatos também podem carregar a bactéria Rickettsia rickettsii, causadora da febre maculosa brasileira (FMB), ou a Borrelia burgdorferi, que provoca a doença de Lyme. Ambas as enfermidades podem levar à morte.
Candiru ou peixe-vampiro: ele vai direto para a uretra atrás de sangue

"Peixe vampiro"

Se você acha que insetos, piolhos e carrapatos são pequenos demais para apavorar alguém, que tal um peixe de 18 centímetros encontrado no Rio Amazonas que é atraído pelo odor da urina, entra na uretra de homens e mulheres para sugar seu sangue e só pode ser arrancado de lá com cirurgia? Trata-se do candiru, mais conhecido como peixe vampiro. A espécie Vandellia cirrhosa tem como vítimas mais frequentes os peixes, atacados pelas guelras.
Lampreia (Petromyzon marinus): parasita com dentinhos prontos para sugar seu sangue

Lampreia

Parasita se alimenta de sangue, a lampreia, que parece uma enguia com dentes internos, vive tanto no mar quanto em rios, dependendo de sua fase reprodutiva. Algumas espécies são usadas na gastronomia, o que, junto com a poluição e a construção de barragens, têm levado esses animais à extinção.
Sanguessuga (Hirudo medicinalis): parasita que já salvou muitas vidas

Sanguessuga

É difícil acreditar, mas um dos animais hematófagos mais conhecidos do mundo, a sanguessuga, já foi bastante usado para salvar vidas. Os médicos ofereciam seus pacientes ao parasita na tentativa de tratar problemas circulatórios e de coagulação. Tanto que suas glândulas salivares viraram fonte de um remédio anticoagulante bastante comum. Hoje, seu uso está mais restrito a tratamentos alternativos.
Esses invertebrados anelídeos vivem quase sempre em água doce e muitas espécies são carnívoras, além de devoradoras de sangue. As sanguessugas são capazes de ingerir uma quantidade de líquido centenas de vezes maior que seu próprio volume.

Sabe por que a lagartixa não cai da parede? Não é ventosa

Calma, ela não vai cair na sua cabeça!

  • Calma, ela não vai cair na sua cabeça!
As lagartixas existem há milhões de anos na Terra, mas foi só em 1960 que os cientistas finalmente descobriram como esses pequenos répteis parentes dos lagartos conseguem desafiar a gravidade e andar pelas paredes e teto sem cair.
Antes, acreditava-se que essa habilidade estava relacionada à existência de pequenas ventosas nas patas da lagartixa que as "colavam" na parede. No entanto, a hipótese foi descartada porque o réptil também andava em superfícies onde as ventosas não teriam aderência, como em locais molhados ou muito lisos ou no vácuo.
Em 1960, um cientista alemão chamado Uwe Hiller sugeriu que essa habilidade estava relacionada a um tipo de força de atração e repulsão entre as moléculas da pata da lagartixa e as da parede. Essa força é conhecida na Física como força intermolecular de Van der Waals.
Na prática, funciona assim: as patas das lagartixas têm milhões de pequenos pelos, chamados de setae --uma espécie de cerda queratinosa minúscula com terminação pontiaguda microscópica. Quando a lagartixa dá um passo, há um deslocamento de elétrons entre os átomos da pata da lagartixa e os átomos da superfície parede, gerando uma força de atração intermolecular que a mantém grudada na vertical.
Esta força de adesão da lagartixa é a seco. Se fosse uma adesão úmida, com substâncias mucosas ou oleosas criando uma "cola" e agindo pela pressão negativa (o vácuo), ela não conseguiria andar em superfícies molhadas e muito lisas.
Recentemente, também descobriram que, além dos dedos grandes com muitas cerdas, as lagartixas também "endurecem" o corpo de forma geral ao andar, o que aumenta as forças de Van der Waals.
Mas não pense que todo mundo acreditou na explicação dada por Hiller lá em 1960. Foi só quarenta anos depois que uma equipe de cientistas conseguiu provar que o fato de as lagartixas conseguirem andar pelas paredes sem cair estava mesmo relacionado às forças intermoleculares.

Curiosidade

Outro fato interessante sobre as lagartixas é que, diante do perigo, elas perdem parte da cauda em um processo chamado de autotomia. Enquanto o rabo continua movimentando-se involuntariamente, chamando a atenção do predador, a lagartixa consegue fugir. A espécie tem pontos pré-determinados de quebra da cauda, sempre começando por partes mais distantes do corpo.
A cauda tem capacidade de se regenerar em até três semanas. A única diferença é que ela não terá mais vértebras em seu interior, mas cartilagem (como a das nossas orelhas).
Fontes: Marcelo Fernandes, paleontólogo da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), e Renato Gregorin, professor do departamento de Biologia da UFLA (Universidade Federal de Lavras).

Sonda faz 'rasante' sobre lua de Saturno para analisar água que pode conter vida

Cassini voará a 'apenas' 5.000 metros da superfície de Enceladus, que surpreende cientistas com jatos 'escondendo' um oceano sob camada de gelo



  • Cassini voará a 'apenas' 5.000 metros da superfície de Enceladus, que surpreende cientistas com jatos 'escondendo' um oceano sob camada de gelo
A sonda americana Cassini iniciou os procedimentos para seu aguardado "rasante" da superfície de Enceladus, uma lua de Saturno que vem intrigando os cientistas.
A partir de 15h de Brasília nesta quarta-feira, a nave iniciará um voo de reconhecimento, a apenas 5 mil metros de altura, para tentar "provar" a atmosfera de Enceladus. Mais especificamente a química dos jatos d'água que a lua emite a partir de seu polo sul.
Nos últimos anos, Enceladus revelou uma série de segredos que, para cientistas, fazem do satélite natural de Saturno um dos mais promissores locais para se encontrar algum tipo de vida extraterrestre.

'Condições Benignas'

Cientistas dizem que a lua tem um imenso oceano escondido debaixo de uma camada de gelo, cujas condições seriam "benignas" o suficiente para a sobrevivência de micróbios.
"Enceladus não é apenas um mundo d'água. É um mundo que pode proporcionar um meio ambiente habitável para a vida como conhecemos", afirma Curt Niebur, um dos cientistas. "Vamos ter a chance de mergulhar mais profundamente nos jatos vindos do polo sul. E poderemos coletar a melhor amostra já obtida de um oceano extraterrestre". 
Uma das principais missões da Cassini será tentar detectar moléculas de hidrogênio. Isso seria um sinal da existência de respiradouros quentes no fundo do oceano gelado. Isso seria outro fator que poderia contribuir para a existência de vida.
Tais respiradouros existem na Terra e fornecem energia e nutrientes para ecossistemas marinhos de alta profundidade. Nesses sistemas, a água é puxada para o leito rochoso, aquecida e saturada com minerais antes de ser expelida.
Bactérias prosperam nesse ambiente, criando uma cadeia alimentar que suporta organismos mais complexos.
Mas se isso está acontecendo em Enceladus, no momento, é apenas especulação.
"A quantidade de hidrogênio emitido vai revelar quanta atividade hidrotérmica está realmente acontecendo no leito do oceano e quanta energia está sendo gerada", explica Linda Spilker, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, a agência espacial americana.
O resultado das análises, porém, só deverá ser conhecido em dias ou semanas.
"Teremos uma primeira chance de analisar os dados sobre gases e partículas em até uma semana após o 'rasante'. Nas semanas seguintes, faremos uma análise mais detalhada para nos ajudar a entender o que está acontecendo em Enceladus", completa Spilker.
A Cassini está entrando nos estágios finais de sua missão a Saturno e suas luas, que teve início com um voo orbital ao redor do planeta dos anéis, em julho de 2004. Desde então, a sonda fez visitas repetidas aos principais dos 62 satélites do planeta para estudar sua composição e seus ambientes.
O 'rasante' sobre Enceladus será o mais próximo que a Cassini chegará da superfície da lua. Todas as aproximações seguintes serão a distâncias bem maiores. Sendo assim, o encontro dessa quarta-feira oferece a última oportunidade real de mapear com mais detalhes os jatos gelados do polo sul.
Análises anteriores já identificaram a presença de sais e compostos orgânicos. Indicadores da existência de respiradouros seriam as partículas de sílica e metano.
No ano que vem, a Cassini iniciará uma série de manobras que a colocarão em órbitas que atravessarão e sobrevoarão os anéis de Saturno. E, em 2017, quando o combustível da sonda se esgotar, seus controladores darão um comando para que ela mergulhe na atmosfera do planeta, onde será destruída".

A Groenlândia está derretendo





O sol da meia-noite ainda brilhava à 1h por toda a extensão brilhante do manto de gelo da Groenlândia. Brandon Overstreet, um candidato ao doutorado em hidrologia pela Universidade do Wyoming, abriu caminho pela paisagem congelada, prendeu seu arnês a uma âncora no gelo e se arrastou até a beira de um rio, que corria até um enorme sumidouro.
Se ele caísse ali, "a chance de morte é de 100%", disse o amigo de Overstreet e também pesquisador, Lincoln Pitcher.
Mas a tarefa de Overstreet, coletar dados críticos do rio, é essencial para a compreensão de um dos impactos mais importantes do aquecimento global. Os dados científicos que ele e uma equipe de seis outros pesquisadores estão coletando aqui podem vir a produzir informação reveladora sobre a taxa com que o derretimento do manto de gelo da Groenlândia, um dos maiores pedaços de gelo e que mais rápido está derretendo na Terra, elevará o nível dos mares nas próximas décadas. O derretimento pleno do manto de gelo da Groenlândia poderia elevar o nível dos mares em cerca de 6 metros.
"Nós cientistas adoramos sentar diante de nossos computadores e usar modelos climáticos para fazer essas previsões", disse Laurence C. Smith, chefe do departamento de geografia da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, e líder da equipe que trabalhou recentemente na Groenlândia. "Mas para realmente saber o que está acontecendo, esse tipo de entendimento só é possível por meio de medições empíricas em campo."
Por anos, os cientistas estudaram o impacto do aquecimento do planeta nos mantos de gelo da Groenlândia e da Antártida. Mas, apesar dos pesquisadores contarem com imagens por satélite para rastrear os icebergs que se desprendem, e criarem modelos para simular o degelo, eles contam com pouca informação em solo, de forma que têm dificuldades em prever precisamente quão rapidamente o nível dos mares se elevará.
A pesquisa deles poderá produzir informação valiosa para ajudar os cientistas a determinar quão rapidamente o nível dos mares se elevará no século 21, e como as populações de áreas costeiras, de Nova York a Bangladesh, poderão se planejar para a mudança.
Mas a pesquisa está sob crescente ataque de alguns líderes republicanos no Congresso, que negam ou questionam o consenso científico de que as atividades humanas contribuem para a mudança climática.
Liderando o ataque republicano no Capitólio está o deputado Lamar Smith, do Texas, o presidente do comitê de Ciência da Câmara, que tenta cortar US$ 300 milhões do orçamento da Nasa (sigla em inglês da Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos) para ciências da Terra e iniciou um inquérito sobre cerca de 50 subvenções da Fundação Nacional de Ciências. Em 13 de outubro, o comitê intimou cientistas da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, exigindo a entrega de mais de seis anos de deliberações internas, incluindo "todos os documentos e comunicações" relacionados à medição pela agência da mudança climática.
Quaisquer cortes podem afetar diretamente o trabalho de Smith e sua equipe, que são financiados por uma subvenção da Nasa de três anos, no valor de US$ 778 mil, que deve cobrir tudo, incluindo os salários dos pesquisadores, voos, alimentação, computadores, instrumentos científicos e de camping, equipamento de segurança e para clima frio extremo. Todo cientista, disse Smith, está ciente de que a pesquisa custa "uma quantidade tremenda de dinheiro do contribuinte".
  

Preparação para o trabalho

Em julho, a equipe de Smith chegou a Kangerlussuaq, Groenlândia, um posto avançado empoeirado de 512 habitantes na costa sudoeste da ilha, que serve como base para os pesquisadores se prepararem para o trabalho de campo no manto de gelo.
Os cientistas estavam empolgados, mas ansiosos, enquanto se preparavam para viajar de helicóptero ao interior para realização do trabalho de campo no centro de sua pesquisa: por 72 horas, de hora em hora, eles monitorariam uma linha divisória de águas subglaciais, realizando medições – velocidade, volume, temperatura e profundidade – na margem congelada do rio.
"Ninguém nunca coletou um conjunto de dados como este", disse Asa Rennermalm, uma professora de geografia do Instituto do Clima da Universidade Rutgers, que está comandando o projeto juntamente com Smith, para a equipe durante um almoço de hambúrgueres de boi-almiscarado no café do aeroporto de Kangerlussuaq.
A realização de cada medição é tão difícil e perigosa que exige dois cientistas de cada vez, ela disse. Eles teriam que planejar um horário de dormir para assegurar que um grupo sempre estivesse desperto para realizar o trabalho. Todos sabiam que a equipe trabalharia rio acima do "moulin" – o sumidouro que arrastaria qualquer um que caísse nele até as profundezas do manto de gelo.
Na manhã antes da partida, a equipe se reuniu em um hangar para empacotar equipamento e provisões: tendas, camas de metal desmontáveis, geradores, picaretas, ponteiras, refeições desidratadas, uma variedade de instrumentos científicos, frascos para amostras de neve, gelo e água e uma geladeira para transporte das amostras aos laboratórios nos Estados Unidos.
O helicóptero decolou com o equipamento da equipe pendurado em uma rede. Os cientistas olhavam para a superfície aparentemente sem fim de gelo, sob o helicóptero, se espalhando em todas as direções, riscada por rios e lagos verde azulados. Após um voo de 40 minutos, o piloto tocou o helicóptero cautelosamente no gelo, para assegurar que era duro o suficiente para pouso.
Ao desembarcarem, os cientistas foram atingidos pelo frio do verão da Groenlândia – de -32ºC a -4ºC enquanto estiveram lá – um vento constante e o brilho do sol.
Enquanto os pesquisadores montavam o acampamento, Overstreet, o estudante de doutorado da Universidade de Wyoming, seguiu para o rio, em silêncio enquanto atravessava o gelo. Mais do que qualquer outro membro da equipe, o sucesso da missão dependia dele.
Overstreet, 31, que cresceu praticando caiaque e rafting no Oregon, projetou o complexo sistema de corda e polias – baseado nos sistemas de resgate para botes em corredeiras – que seria crucial para coleta de dados nas águas traiçoeiras. Antes de vir para a Groenlândia, ele passou meses aperfeiçoando e testando seu sistema de cordas nos rios no Wyoming.

No gelo

A equipe logo iniciou o trabalho. Um piloto de helicóptero transportou dois dos colegas de Overstreet, Pitcher e Matthew Cooper, para o outro lado do rio de 18 metros de largura. Na margem oposta, eles perfuraram o gelo, prenderam uma âncora e se prenderam a ela por segurança. Eles prenderam uma corda de náilon à âncora, com o restante da corda enrolada em uma sacola pesada.
Agora vinha a parte crucial: os homens se revezavam atirando a sacola para o outro lado do rio, mas ela caia repetidas vezes na água. Após ansiosa meia hora, Cooper finalmente conseguiu que a corda chegasse ao outro lado. Overstreet a pegou e começou a montar o sistema de corda e polia que testou por tanto tempo.
À beira do acampamento, Johnny Ryan, um candidato ao doutorado em geografia pela Universidade de Aberystwyth, no País de Gales, lançou um drone em formato de avião com um dispositivo semelhante a um estilingue, e então o guiou por uma área de quase 195km². Mas então o drone deixou de transmitir. "Ele parou de se comunicar comigo e agora deve ter caído no gelo", disse Ryan.
Ryan, que usava um gorro cor de rosa e óculos púrpuras que destacavam sua barba ruiva, lançou o drone substituto. Sentindo-se estressado, ele monitorou o voo nervosamente enquanto as horas passavam, bebendo canecas de chá para se aquecer.
À margem do rio, Overstreet e Pitcher iniciaram a coleta de dados prendendo um dispositivo computadorizado que parecia uma prancha de body board à corda que atravessava o rio. De hora em hora eles o enviavam de um lado a outro para medição da profundidade, velocidade e temperatura da água.
Mas enquanto a luz do dia avançava noite adentro, a bateria do dispositivo, exaurida pelo frio, começou a falhar. Àquela altura o sol estava mais baixo, preenchendo o céu com um brilho cor de laranja espetacular. Os cientistas estavam preocupados – o esgotamento da bateria significaria o fracasso de sua missão.
Uma ideia ocorreu a Overstreet. Ele encontrou um rolo de manta prateada isolante no campo e a enrolou em volta da bateria da prancha. Na passagem seguinte por sobre o rio, ela permaneceu funcionando.
Mas a carga da bateria continuava caindo, de modo que Pitcher retirou os aquecedores de mão de suas luvas e os inseriu na bolsa da bateria. Sucesso. A bateria permaneceu aquecida e funcionando.
Por três dias e três noites, os cientistas continuaram realizando as medições no rio, enquanto até 1,6 milhão de litros de água por minuto saía do gelo e era despejado no sumidouro. Na manhã final, a equipe, cansada, mas exultante, se reuniu à beira do rio enquanto a prancha realizava sua travessia final. Àquela altura, o drone reserva de Ryan concluiu em segurança sua missão de mapeamento. Overstreet abriu a sacola comemorativa de mangas desidratadas – um deleite luxuoso para os campistas no gelo.
"É difícil fazer a escolha de participar de projetos como este, mas tudo na minha vida me preparou para vir aqui", disse Overstreet. "Nós passamos de lutar contra o rio a trabalhar com ele, e então aprendemos muito com ele".

Tumor cerebral raro é descrito pela primeira vez no Brasil

Tumor raro foi identificado na medula espinhal de paciente de 33 anos atendido no Hospital do Câncer de Barretos (imagem: PLoS One)
Tumor raro foi identificado na medula espinhal de paciente de 33 anos atendido no Hospital do Câncer de Barretos

Pesquisadores do Hospital do Câncer de Barretos descreveram na revista científica PLoS One o perfil genético detalhado de um tipo raro de câncer cerebral conhecido como tumor glioneuroma formador de rosetas do IV ventrículo (RGNT, na sigla em inglês).
Segundo o coordenador do estudo, Rui Manuel Reis, cerca de 100 casos do tipo foram relatados na literatura científica. Este é o primeiro relato científico no Brasil.
"Com base nos relatos publicados, sabe-se que é um tumor indolente, com bom prognóstico e que surge em jovens adultos. Conhecia-se apenas alguns marcadores imuno-histoquímicos e mais nada. O objetivo do nosso estudo foi caracterizar esse tumor geneticamente para tentar identificar sua origem, as alterações cromossômicas e as mutações envolvidas", disse Reis.
De acordo com o pesquisador, somente em 2007 o tumor glioneural formador de rosetas do IV ventrículo passou a ser considerado como uma entidade patológica pelo critério da Organização Mundial de Saúde (OMS). Antes disso, cada relato de caso usava uma nomenclatura diferente. O nome agora considerado oficial faz referência ao fato de ser um tumor misto – que envolve tanto neurônios como células da glia – e também às estruturas formadas pelas células tumorais que lembram as pétalas de uma flor.
Enquanto na maioria dos casos relatados o tumor foi encontrado no IV ventrículo cerebral – cavidade localizada próximo à região cerebelar –, o tumor do paciente de 33 anos atendido em Barretos estava na medula espinhal. Somente outros dois eventos desse tipo haviam sido descritos anteriormente.
Uma amostra do tumor foi analisada por diferentes metodologias. Com uma técnica conhecida como microarray de hibridização genômica comparativa (CGH, na sigla em inglês), o grupo estudou todo o conjunto de cromossomos das células tumorais em busca de alterações.
"Existem cromossomos bastante alterados nesse tumor, em regiões que não são típicas de tumores cerebrais. Há, por exemplo, ganhos nos cromossomos 9 e no 16, ou seja, em vez de duas cópias, encontramos quatro. Também notamos perdas no número de cópias do cromossomo 1", contou Reis.
Ao comparar com o DNA presente em amostras de sangue do mesmo paciente, os pesquisadores descobriram que as alterações estão presentes apenas nas células tumorais, um indicativo de que surgiram após o nascimento.